As estratégias implementadas pela professora Raquel apresentam alguma diversidade, personalização e inclusão multicultural.
Como pontos fortes, destacaria alguns aspetos bastante pertinentes e práticos da ficha de identificação na medida em que ao incluir os interesses pessoais, as expectativas para o curso e a motivação para a aprendizagem da língua torna-se possível a seleção e recolha personalizada de métodos, técnicas, estratégias, temas, recursos de trabalho e ferramentas de avaliação para o funcionamento das aulas.
A aplicação de um teste de diagnóstico é fulcral para aferição dos conhecimentos dos alunos e para organização em grupos de trabalho com base no nível de proficiência de cada um ou mesmo para a organização de materiais e recursos. A criação de grupos flexíveis de trabalho é uma metodologia interessante para promover o diálogo, entreajuda e colaboração entre os alunos. A produção de materiais próprios e/ ou adaptados é fundamental em qualquer disciplina do meu ponto de vista - os manuais devem ser apenas uma base de trabalho. No caso do PLNM / PLA muitos são desajustados às experiências e necessidades dos alunos daí ser importante a adaptação às expectativas e interesses do grupo com o qual trabalhamos. Por exemplo, na ficha de identificação o aluno deve referir qual a sua motivação para a aprendizagem do português. Se o aluno necessitar da língua para trabalhar num restaurante ou num hospital é imprescindível que o desenho do curso bem como os recursos, fontes e estratégias sejam direcionados para essa realidade de forma a favorecer a inclusão e autonomia nesses contextos.
Também me parece positiva e pertinente devido à heterogeneidade do grupo a aposta no diálogo intercultural através da imersão na cultura dos alunos através da partilha de produtos típicos do seu país de origem ainda que essa estratégia pareça focar-se apenas na competência oral. Ora, de acordo com o que foi possível aferir, os alunos apresentam lacunas na produção escrita e a nível de vocabulário. Assim, esta seria também uma oportunidade para ampliar o campo lexical do grupo e desenvolver a competência escrita. Podia optar-se pela construção de um mapa mental de áreas temáticas de interesse e sobre os países dos alunos. Por exemplo, a mostra dos produtos de cada país pode englobar vários temas desde a gastronomia, às artes, à música, à literatura, ao desporto, paisagens, entre outros. Essa partilha poderia englobar pequenos textos expostos em cartolinas, nas paredes da sala / escola ou no site da instituição para dar também visibilidade, promover a empatia e a inclusão.
Relativamente aos pontos que mais dúvida suscitam destaco a estratégia de envio de trabalho para casa devido às características peculiares dos alunos de PLA. Na maioria dos casos, trata-se de pessoas que frequentam estes cursos em horário pós-laboral pelo que se torna um pouco utópico e pouco exequível essa revisão/sistematização fora do contexto de aula. A própria aula poderia incluir um momento de mais autonomia para esse efeito e devidamente monitorizado para acompanhamento do trabalho, progresso e colmatar das dificuldades (feedback).
Considero que seria pertinente estabelecer um plano individual de trabalho para gestão dos ritmos de aprendizagem e também como possibilidade de resolução do problema da assiduidade. Esta ferramenta promove a organização, autonomia e reflexão sobre as práticas educativas para além de acompanhar o progresso do aluno ao longo do curso. Assim sendo, pessoalmente abolia o exame final e optava pela apresentação do produto final do plano individual de trabalho / portefólio.
A partilha no início do curso de toda a documentação/ recursos através de um portefólio também ele digital e respetivos recursos podia ser uma mais-valia para os alunos mais ausentes.