Analisando o caso prático da abordagem pedagógica da docente Raquel Pereira, penso que a realização do teste de diagnóstico e o preenchimento da ficha de identificação serviram, nesse primeiro momento, o propósito de caracterizar os alunos que constituíam a turma.
Partindo dos dados obtidos com esses documentos, a docente decidiu constituir grupos de trabalho de acordo com a proficiência linguística, a proximidade das línguas de origem e os ritmos individuais de aprendizagem. Uma vez que o grupo era heterogéneo ( 14 formandos de 5 nacionalidades diferentes), não seria fácil agrupá-los de acordo com as características culturais. Neste ponto, penso que talvez fosse interessante mudar os elementos dos grupos de tempos a tempos para ver se existiriam outros critérios que pudessem resultar enquanto fatores de aproximação, como, por exemplo, a existência de passatempos em comum, gostos ou histórias de vida similares.
As referidas adaptações de manuais e a produção de materiais para alunos de línguas maternas específicas são procedimentos que se revestem de sentido; contudo, o facto de existir trabalho de casa poderá não se revelar uma escolha eficiente. Tendo em conta que há sempre alunos de PLA que estão inseridos no mercado de trabalho, a obrigatoriedade de trabalhar autonomamente entre sessões de formação pode ser uma tarefa árida. Considero que poderia ser mais proveitoso dedicar uma parte inicial de cada aula à revisão e consolidação dos conteúdos abordados na aula anterior, com o contributo de todos os formandos.
No que respeita à compensação de faltas, acredito que a realização autónoma dos exercícios em falta poderá não ser a melhor opção. Apostaria, talvez, no envolvimento dos formandos presentes nas sessões no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos aos formandos menos assíduos.
No que respeita à conclusão, penso que não haveria forma de contornar a "vincada heterogeneidade" referida, mas que, não obstante, poderia ter sido traçado um caminho conducente à coesão e unidade do grupo. De entre possíveis estratégias, seleciono a elaboração de trabalhos com foco em aspetos culturais e sociais das nações de origem dos diversos formandos, de forma a promover uma partilha rica e promotora da aquisição da língua. Na verdade, tal como diz Maria José Grosso no artigo "Língua de acolhimento no contexto migrante Português", "a língua de acolhimento abrange realidades e públicos que necessitam de forma urgente mais do que o ensino duma língua", e uma dessas necessidades é a partilha cultural, que é indissociável da construção do conhecimento linguístico.