Breve comentário sobre o método e as estratégias utilizadas pela professora Raquel Pereira para lidar com a heterogeneidade das aulas de Português Língua de Acolhimento, feito por quem nunca lecionou Português Língua de Acolhimento.
-Como avalia as estratégias utilizadas por esta professora?
As estratégias utilizadas pela professora Raquel Pereira parecem-se bastante adequadas e diversificadas para uma turma que se caracteriza por uma vincada heterogeneidade. A professora procurou usar vários recursos para responder o mais eficazmente possível à realidade com que se deparou...
Considero que a professora ponderou e escolher as estratégias que considerou mais eficazes, após ter feito uma análise cuidada da ficha de identificação, na qual teve o cuidado de recolher informação sobre a preferência do método de trabalho em sala de aula, os interesses pessoais, as expectativas (ponto de partida para diferentes abordagens nas temáticas),...Pese embora, falta alguma informação relativamente à forma como a ficha de identificação foi facultada aos alunos e percecionada pelos mesmos (língua, explicitação dos conceitos mais complexos, forma presencial,...). Também as conclusões do teste diagnóstico permitem identificar logo numa fase inicial as principais limitações e procurar estratégias de as superar, assim como permitem reconhecer aspetos comuns que facilitam a criação de grupos de acordo com os níveis de proficiência. Não obstante, também falta alguma informação sobre o momento e moldes em que o supracitado teste foi passado, de modo a não haver enviesamento dos dados.
Não obstante, apesar de considerar que a estratégia de partilha de produtos típicos do país de origem (que estes trazem) com a turma seria um bom ponto de partida, uma vez que fomenta o sentido de pertença e deste modo, promovia o espírito de coesão do grupo e fomentava a assiduidade, verifiquei que, em princípio, o mesmo não surtiu efeito desejado, pois nas conclusões finais apresentou como fragilidades: "o grupo não se registou sempre coeso e uno" "Natureza volúvel e instável, quer no que diz respeito à assiduidade..."
Esta partilha deveria ser, sem dúvida, um mote que promovesse diferentes aprendizagens, pois está intrinsecamente relacionada com outras estratégias: criação de tópicos de discussão para criar interesse ou motivar os alunos, com base em asptos culturais (neste caso gastronómicos) e dados pelos próprios alunos.
- Quais as estratégias que acha que resultaram melhor?
Na minha opinião, a produção de materiais com base em recursos para aprendentes de LM específicas é uma mais valia, uma vez que os materiais foram criados tendo em consideração o grupo e todas as suas especificidades (incluindo os seus interesses) e a divulgação dos mesmos poderia ser de diferentes formas: recorrendo a jogos, digital, em diferentes suportes,...
Também, a estratégia de solicitar a participação ativa dos aprendentes na resolução de exercícios importantes das unidades temáticas em que apresentaram menos frequência parece-me adequada, porque desta forma os aprendentes sentem-se mais implicados, procurarão ser mais responsáveis e tentarão recorrer ao trabalho colaborativo, com a ajuda dos pares que estiveram presentes.
De igual modo, a constituição de grupos flexíveis de acordo com o nível linguístico, da proximidade da língua e dos ritmos de aprendizagem, possibilita que cada aprendente vá aprendendo ao seu ritmo, aspeto que, em articulação, com a estratégia do trabalho de casa, para efeitos de revisão e sistematização ( e registo das dificuldade individuais) se apresenta como uma mais-valia, desde que o mesmo seja aplicado tendo em consideração a autonomia do aprendente, as suas capacidades e a sua carga laboral.
- Que outras estratégias adotaria (tenha em conta alguma da bibliografia proposta para esta sessão)?
De acordo com o Livro "Português para falantes de outras línguas", considero que uma estratégia possível para captar o interesse dos aprendentes e para promover a diversidade cultural poderia ser fazer uma breve biografia de uma personalidade e apresentar cronologicamente das datas mais importantes do seu percurso de vida. Posteriormente a professora poderia escrever algumas frases sobre essa personalidade e escrever uma lista de conectores textuais para os aprendentes completarem as frases, articulando corretamente as ideias. (Esta dinâmica poderia ser aplicada noutro contexto e poder-se-ia recorrer a filmagens das apresentações.)
Comparar provérbios, expressões fixas e idiomáticas e ver de que forma têm ou não têm o mesmo tipo de significado. Elaborar um portfólio com as expressões, conceitos e imagens relacionadas. (O portfófio estaria em constante construção.)
Em suma, estas estratégias que, com este distanciamento, me parecem adequadas poderiam ter de ser completamente reformuladas ou substituídas caso verificasse in loco que não surtiam o efeito desejado.