O documento "Inclusão de alunos migrantes em meio educativo" apresenta-se como uma ferramenta relevante para lidar com os desafios de integração enfrentados pelas escolas portuguesas diante do crescente número de alunos migrantes. No entanto, há algumas críticas a considerar em relação à sua formulação e aplicação prática.
Uma crítica aponta para a falta de preparação do corpo docente e não docente para lidar eficazmente com a diversidade cultural e linguística dos alunos migrantes. Embora o documento ofereça sugestões, como a tradução de ementas, isso pode refletir um desconhecimento das dinâmicas descentralizadas do sistema educacional português. A responsabilidade pela integração recai exclusivamente sobre a escola, enquanto seria mais eficaz envolver equipes multidisciplinares que incluam diversas entidades, como as autarquias e organizações de apoio a migrantes.
Outro ponto de crítica é a abordagem linguística proposta, sugerindo que mais ênfase deveria ser dada ao ensino do português, com o apoio de recursos visuais e tecnológicos, em vez de traduções diretas.
A falta de ênfase no apoio individualizado, especialmente por psicólogos escolares, para lidar com as necessidades emocionais e sociais dos alunos migrantes, revela uma lacuna na abordagem proposta pelo documento. Integração bem-sucedida requer mais do que tutorias e mentorias, especialmente para alunos que enfrentam traumas de guerra ou grandes mudanças culturais.
Apesar das críticas, o documento oferece orientações valiosas para promover a inclusão de alunos migrantes, como a disponibilização de ementas em várias línguas. No entanto, a sua eficácia dependerá do compromisso real das escolas em implementar essas diretrizes de forma holística, superando desafios como falta de recursos e coordenação entre as partes interessadas.