Não tenho experiência no ensino de PLA, no entanto, creio que, de um modo geral, as estratégias adotadas pela professora Raquel Pereira foram adequadas.
Numa primeira fase, a professora aplicou a ficha de identificação, que me parece muito importante antes de iniciar o ensino de uma língua e que me pareceu bastante completa, bem como o teste de posicionamento linguístico. Através da aplicação destes dois instrumentos, foi possível perceber alguns aspetos fundamentais de cada formando:
- Quais os domínios da língua de acolhimento que necessitavam de um maior trabalho (produção escrita e o campo lexical), logo apresentavam um diferente nível de proficiência linguística em relação aos restantes domínios;
- Quais os ritmos de aprendizagem;
- A facilidade na aquisição da língua de acolhimento.
Numa segunda fase, aplicou várias estratégias tendo em consideração a informação que recolheu previamente, porém, parece-me que a estratégia que melhor terá resultado foi a partilha de aspetos e produtos culturais de cada formando, de modo a motivá-los na aprendizagem da língua.
Penso que a constituição de grupos flexíveis de acordo com o nível de proficiência, a proximidade da língua e dos ritmos de aprendizagem fosse mais bem conseguida se todos os alunos partilhassem do gosto por este método de estudo. Neste sentido, quando a professora refere que no funcionamento das suas aulas “o grupo não se registou sempre coeso e uno”, poderia ter tido em conta os métodos de estudo preferenciais de cada formando e, em conjunto, poderia preparar, por exemplo, um plano de estudo adaptado e personalizado às necessidades de cada formando.
A produção de materiais também me parece uma estratégia fundamental, pois nem todos os materiais servem para um “tamanho único”, tal como já foi mencionado por algumas colegas nas sessões anteriores. Neste caso, partir da produção de materiais com base nos manuais poderia não ser o suficiente e poderiam ter sido criados materiais consoante as temáticas específicas que os formandos tivessem maior interesse e necessidade imediata. A ficha de identificação, neste sentido, poderia ser bastante útil pois refere os vários aspetos sociais e profissionais de cada formando.
Outro aspeto importante a referir é a assiduidade e os ritmos de aprendizagem. Não sendo professora de PLA, mas tendo como base as últimas sessões da formação, o público-alvo do PLA é um público adulto e que nem sempre terá a possibilidade de abdicar do seu horário laboral para participar nas aulas. Assim, parece-me natural que a assiduidade dos formandos se devesse, em parte, com este aspeto. Para esta situação, a professora poderia recorrer às fichas modelares de que falámos na sessão anterior a propósito do desenvolvimento de materiais didáticos para o PLA. Quanto aos ritmos de aprendizagem, questiono se não poderá estar também relacionado com fatores afetivos, tendo em consideração o frequente público-alvo associado ao ensino do PLA e o seu contexto cultural e social.