Discussão/ Reflexão: Gestão da heterogeneidade nas aulas de PLA: Caso prático

Gestão da heterogeneidade nas aulas de PLA

Re: Gestão da heterogeneidade nas aulas de PLA

by Sílvia Santos -
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Nas aulas de Português Língua de Acolhimento encontraremos sempre uma realidade de alunos\formandos com tantas semelhanças e com tantas diferenças entre si, ora grupos que se aproximam, ora grupos que se afastam. As estratégias que teremos que desenvolver, serão sempre diferentes de turma para turma, porque teremos que nos ajustar ao público-alvo que temos à nossa frente ansiosos por aprender.
No caso prático da Professora Raquel Pereira considero que as estratégias que ela utilizou foram boas e nomeadamente eficazes.
A caracterização do grupo com o preenchimento da ficha de identificação e com a realização de um teste diagnóstico, a professora foi capaz de reunir muitos elementos que lhe permitiu pensar e planear as aulas no futuro, como seria de esperar. Também já o fazemos com os nossos grupos de alunos portugueses.
A adaptação\utilização de manuais de acordo com os temas a trabalhar, bem como a produção de materiais ajustados aos formandos são duas boas estratégias, porque a heterogeneidade do grupo assim nos obriga. Os temas trabalhados em contexto de PLA são diversos, mas são um ponto comum a todos os formandos, depois todos os outros materiais elaborados acabam por ir de encontro aos diversos grupos com ritmos de aprendizagem diferentes, ou seja, existem sempre aqueles que rapidamente conseguem e depois aqueles que demoram um pouco mais e até precisam de uma ajuda mais individualizada na resolução dos exercícios. O facto é que, desta forma, os formandos terão materiais que para alguns poderão ser consolidação, mas para outros serão um importante reforço. O trabalho de casa, algo simples e prático, é uma boa estratégia, porque às vezes o espaço temporal entre aulas implica um trabalho de consolidação que os formandos podem, e até gostam, realizar em casa.
Outra estratégia que acho que resultou muito bem no caso da professora, pessoalmente eu acho que resulta sempre muito bem, é a partilha cultural e tendo como ponto de partida a realização de muitas atividades que levem a essa mesma partilha. Quanto mais interesse pela diversidade cultural dentro do grupo, mais os formandos parecem ter entusiasmo em "dar" para também "receber".
O que nos leva a pensar em estratégias que deverão considerar mais os aspetos lúdicos, atividades lúdicas que acabam por ser a forma mais adequada para ensinar e transmitir conhecimentos aos migrantes. O artigo “ Entre o lúdico e o acolhimento” menciona que o lúdico é uma forma de integração e união do grupo de trabalho. De facto, os jogos simples, como o formador passar uma bola ao formando para que ele responda a uma pergunta ou até a dramatização de um texto é o suficiente para sair dos moldes normais de uma aula e, às vezes, é necessário esse tipo de saída, pois os formandos são adultos, estão a aprender uma nova língua e uma aula de teoria sem estes momentos de liberdade, a aula poderá ser monótona, resultando numa aula sem avanços na aprendizagem. É evidente que a criatividade do formador deve estar alinhada com os conteúdos a trabalhar, mas a realização de tarefas que mais parecem “jogos” são uma forma interessante e energética de cativar os alunos que temos em PLA. É também claro que para estas diversas estratégias funcionarem, a relação entre formador e formandos seja de proximidade e de disponibilidade de ambas as partes para aceitar as diferenças
A heterogeneidade de alunos- formandos que temos numa sala de aula de PLA é, de facto, algo desafiante, porque todos já têm conhecimentos prévios adquiridos, conhecimentos na sua língua materna, na sua cultura, cabe-nos a nós proporcionar momentos e dinâmicas que os levem a querer aprender Português e a gostar da nossa língua.